Elas são mais
preocupadas que eles com os cuidados a ter no sexo
A adolescência é um período conturbado na vida de rapazes e raparigas, mas
também dos pais. Ao início da vida sexual, associam-se um número interminável de
dúvidas que, muitas das vezes, não passam de mitos infundados. Pode-se engravidar na primeira relação sexual? É verdade que dói? O momento
certo para perder a virgindade é aos 14, 15 ou só aos 18? São apenas alguns
exemplos das perguntas a que a psicóloga Maria Jesus Correia responde, como
coordenadora do serviço de psicologia da Maternidade Alfredo da Costa, em
Lisboa.
"As raparigas procuram mais os nossos serviços do que os rapazes. Por norma,
elas são mais preocupadas com os cuidados que devem ter no início da vida
sexual, enquanto eles são mais pró-activos na procura dessa iniciação", explicou
a psicóloga ao Correio da Manhã.
A procura de esclarecimentos surge, na maioria dos casos, já após a primeira
relação sexual. No entanto, o número de raparigas em busca de conselhos antes da
‘primeira vez’ está a aumentar. "Elas perguntam muito quando é a altura ideal
para começar a ter sexo. Sentem-se pressionadas pelo namorado que ameaça
deixá-las se não o fizerem, são as amigas que já fizeram e acham-se diferentes
por isso", acrescentou Maria Jesus Correia, dando conta que "muitos adolescentes
já têm noção dos métodos contraceptivos que querem, mas não os sabem usar".
Quem, por norma, acaba sempre por sofrer com o crescimento dos filhos são os
pais. E, segundo a psicóloga, há-os para todos os gostos. "Temos pais que têm
muita dificuldade em lidar com a sexualidade dos filhos adolescentes. Muitos
fazem de conta que não é nada com eles, outros dão-lhes liberdade total e dizem
que confiam no comportamento dos filhos e outros que não dão liberdade nenhuma",
comentou, aconselhando aos pais "um diálogo aberto e adequado a cada idade".
É que a sexualidade não é só o coito, e as perguntas incómodas surgem desde
tenra idade. "Tanto faz se recorremos à história da semente ou da cegonha. A
verdade é que há muitos pais que não lidam bem com a própria sexualidade e isso
reflecte-se nos filhos. Quando a conversa surge e não há um à-vontade para
responder, existem vários serviços de apoio", concluiu Maria José Correia.
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